terça-feira, 19 de abril de 2011

Poesia

Filha,

Como dizia Adélia Prado, ser coxo na vida é maldição para homem
Anjo torto, desentortado ... que importa?
Cumprirás tua sina; todos cumprimos
Fundarás teus reinos ... quantos quiser
De quanto vais precisar?
Ora, como saberemos?
Uma coisa é certa: sem um punhado de alegria e outro de tristeza não se vai muito longe

Se servir um conselho, quando doer, grite!
Pra dentro, às vezes, é mais eficiente
Ser mulher também tem suas objeções
A diferença é que as dobramos com forças não musculares
Se chorar é coisa de mulherzinha?
Que inha?
Esse sufixo não é páreo para a nossa inextinguível dor
Ser forte na vida é maldita bendição pra mulher
Bendita seja!
Entre homens e mulheres.

Venha, minha filha
Venha se desdobrar e se encantar nesse mundo tão cheio de poesia!

Luciana – Com licença poética 2

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade da alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adélia Prado – Com licença poética

Nenhum comentário:

Postar um comentário